segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Desgelo


Ainda sinto minha boca dormente, quente sem saber da força do que me atingiu e o calor que propagara. 
Pensei em desistir nos primeiros minutos mas caminhei vagarosamente até a água mais quente que pude encontrar: na fonte imersa no gelo. 
Pedaços de vitórias e restos de pedras deixaram uma marca no meu casaco, gotas de chuva e de lua. 
Cedo demais para dormir e tarde demais para continuar. 

Memórias apagadas e vida em meios as luzes. Aurora boreal e pegadas no chão. Quase ouvi um ruido, um zumbido um quase grito de silêncio além da cor branca. 

Senti os papéis congelados e as letras queimadas com o fogo, as caixas de madeiras exalando fumaça de chá e os restos dos restos em forma de cinza, um musgo áspero e cru me envolvendo em forma de envelope.

Cinco letras e duas quedas d´aguas me separavam do ponto da ponte. 

- Corra, eu sou sua força e descobrir onde posso estar é teu maior segredo.

Sombra de sol, sol e sol nada vivo nem morto. Somente minha alma indo embora depois de ser sugada por um beijo. 


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